
O espaço geográfico constitui uma categoria fundamental de análise para a ciência geográfica, apresentando-se como o resultado das transformações ocorridas no espaço natural por intermédio das ações humanas. Essa transformação se processa em camadas, ao longo da história, e suas marcas podem ser percebidas na paisagem.
Ao percorrer os espaços da cidade, torna-se possível apreender a materialidade das atividades, dos serviços e das vivências humanas, tanto as contemporâneas quanto aquelas que nos precederam. Nesse sentido, quais indicativos as chaminés presentes no Itaú Shopping oferecem acerca do desenvolvimento econômico e urbano do município de Contagem? Que espaço concreto está sendo continuamente edificado por meio dos movimentos culturais e políticos protagonizados pela população? As respostas para essas indagações podem residir no campo imediato da nossa visão, assim como na acuidade de outros sentidos, na ausência daquele.
A ciência geográfica congrega conceitos fundamentais, típicos de sua epistemologia, que nos auxiliam na compreensão da dimensão espaço-temporal e nos habilitam a analisar a rugosidade do espaço. Tal análise permite entender que o presente, para além das construções efêmeras, é também resultado dos empreendimentos pretéritos, e que o futuro está sendo delineado no aqui e agora.
Conforme assinala Santos (2014, p. 140): “o que, na paisagem atual, representa um tempo do passado, nem sempre é redutível ao tempo, nem sempre é redutível aos sentidos, mas apenas como conhecimento. Chamemos rugosidade ao que fica do passado como forma, espaço construído, paisagem, o que resta do processo de supressão, acumulação, superposição, com que as coisas se substituem e acumulam em todos os lugares. As rugosidades se apresentam como formas isoladas ou arranjos”.

Em consonância com a perspectiva de Santos (2014), a rugosidade consiste na sobreposição de tempos inscritos na paisagem. Ao observar a cidade, depreende-se a ação social do ser humano ao longo do tempo. Ao contemplar a Praça da Estação a partir de uma perspectiva panorâmica, diversas transformações se evidenciam: o Rio Arrudas, que outrora fluía livremente, encontra-se hoje não apenas canalizado, mas também recoberto pelo asfalto; a estação ferroviária da década de 1920, por sua vez, incorporou uma praça com chafariz, tendo como pano de fundo bares e edificações de outras épocas, além do fluxo constante de pessoas.
Dessa forma, com o intuito de tornar a geografia escolar uma experiência prática e vívida, os alunos foram (re)introduzidos ao espaço urbano da região central de Belo Horizonte sob a ótica da redescoberta e da investigação científica no âmbito das Ciências Humanas. A Estação Ferroviária de Belo Horizonte, outrora palco de intensos fluxos de pessoas e mercadorias, centro das conexões da força de trabalho metropolitana contemporânea, preserva, no Viaduto Santa Tereza, um local de encontros propícios à reflexão social e a manifestações artísticas que moldam o futuro. A partir da Rua Sapucaí, situada logo acima, vislumbra-se uma galeria de arte a céu aberto, adornada por painéis gigantes pintados nas fachadas dos edifícios, em sua maioria produzidos por artistas mulheres renomadas, como Clara Valente e Tereza Dequinta, que retratam questões cruciais do mundo contemporâneo.
No Instituto Cecília Meireles, as aulas de Geografia e o Núcleo de Estudos em Ciências Sociais Aplicadas estimulam o olhar investigativo do estudante, para que, ao transitar pelos diversos espaços da cidade, possam se reconhecer como agentes efetivos de transformação e serem transformados de maneira significativa pelas experiências vivenciadas.
Acompanhe nosso trabalho e conheça a nossa escola
Quer compreender melhor como a cidade guarda, em suas paisagens, as marcas do tempo e das ações humanas? Acompanhe nossos conteúdos e descubra como conceitos como a rugosidade espacial podem enriquecer a análise do espaço urbano. No Instituto Cecília Meireles, incentivamos nossos alunos a desenvolverem um olhar crítico e sensível sobre o mundo à sua volta. Entre em contato conosco e venha conhecer de perto como unimos teoria e prática para formar cidadãos conscientes e atuantes.
Por Débora Cristina Nunes Barbosa – Professora de Geografia do 9º Ano ao Ensino Médio